Testemunhos

-Testemunho de uma pessoa que passou por burnout:

"Achei que ser forte significava aguentar tudo. Até que não aguentei mais."

Sempre fui aquela pessoa que dava conta de tudo. O trabalho, a família, os amigos, as responsabilidades… Acreditei, por muito tempo, que era minha obrigação ser forte, não falhar, não demonstrar fraqueza. E, por fora, parecia que eu conseguia. Até que um dia meu corpo e minha mente disseram "basta". O esgotamento veio de forma avassaladora, em diferentes áreas da minha vida, e eu me vi sem forças para continuar no mesmo ritmo. Pela primeira vez, tive que encarar o que estava a ignorar: se eu não mudasse, isso poderia me destruir. Foi um processo difícil, mas necessário. Buscar ajuda, aprender a dizer "não", entender que não sou menos capaz por precisar de descanso, tudo isso salvou minha vida. 

Hoje, vejo que ser forte não é carregar tudo sozinha. É reconhecer limites, pedir ajuda e, acima de tudo, cuidar de mim. Se você está se sentindo assim, quero que saiba que não está sozinho(a). Há saída, há recuperação, e há vida depois do burnout. E essa vida pode ser muito mais leve do que imaginamos!



-Testemunho de uma pessoa com stress/ansiedade académica:

Acho que todo o processo de entrada na universidade, exames, médias, é um dos grandes causadores de ansiedade. Sempre me disseram que o meu futuro dependia deles, dos exames. Que conseguir ou não alcançar os meus sonhos estava dependente daquilo. Mas, em algum momento desse percurso, deixei de saber quais eram os meus sonhos. A pressão começou como um peso leve, algo que eu achava normal. Porém, em algum momento, as horas de estudo nunca pareciam suficientes, os meus colegas pareciam estar sempre mais preparados, e os professores repetiam que só os melhores conseguiriam entrar no curso que queriam. Cada exame parecia ser um julgamento da minha capacidade, da minha inteligência e até do meu valor como pessoa. Tudo piorou quando todo o meu esforço não se refletiu naquele pedaço de papel, e eu me apercebi de que tudo o que eu tinha planeado iria por água abaixo. "Não havia mais nada a fazer", era tudo o que passava pela minha cabeça. O sentimento de inutilidade era tudo o que me percorria e eu encontrava-me num buraco do qual não consegui sair por muito tempo. Tinha pensamentos horríveis e incontroláveis. Até procurar ajuda.

Hoje, olhando para trás, sei que os exames são importantes, mas nunca devem ser mais importantes do que a minha saúde mental. Acho que é necessário entender que não somos definidos por uma nota nem por um curso universitário. A ansiedade deste processo ainda é uma batalha que enfrento, mas já não deixo que me consumam. Aprendi que pedir ajuda não é fraqueza e que o futuro se constrói de muitas formas, não apenas através de um exame.



-Testemunho de uma pessoa com ansiedade generalizada

Há dois ou três anos que venho a lidar com a ansiedade, mas foi só recentemente que consegui entender que o que eu sentia tinha um nome: Transtorno de Ansiedade Generalizada. Ao início, parecia algo simples, como ficar nervosa ou preocupada com o trabalho, as minhas relações, os estudos etc. Mas, com o tempo, essa sensação de preocupação constante tomou conta de tudo na minha vida, tudo! Preocupava me com coisas pequenas e grandes a toda hora e minuto, muitas vezes sem conseguir controlar. Podia ser algo relacionado ao meu dia a dia, como se me vou esquecer de fazer algo, até preocupações mais profundas, como o futuro. Essas preocupações não desapareciam, e, na maioria das vezes, mesmo quando não havia uma razão aparente para estar tão ansiosa eu ficava muito tensa e insegura com tudo.

A ansiedade deixava me completamente exausta. Mesmo quando estava fisicamente relaxada, a minha cabeça estava a mil, com mil e um pensamentos, pensava em todas as possibilidades negativas, o que, muitas vezes, me impedia de aproveitar o momento em que estava a viver. Já houve dias em que eu não conseguia dormir ou simplesmente me desconcentrava com as tarefas fáceis do dia a dia, porque minha cabeça estava tão ocupada com preocupações incessantes. O pior de tudo foi quando comecei a cair em algo mais profundo, uma possível depressão.

Eu sei que muitos podem pensar que é "só uma fase" ou algo "normal" de se sentir ansiosa e sozinha, mas, para quem tem transtorno de ansiedade generalizada, isto é algo constante. E o mais complicado foi a sensação de que nunca estás realmente em paz. Eu procurei ajuda profissional, e a terapia tem me ajudado a encontrar maneiras de lidar com isso, de sair do "buraco", mas ainda é um processo contínuo.

Aprendi que não me posso cobrar por não conseguir controlar tudo. O que mais me ajudou, para além do tratamento, foi conversar sobre isso com pessoas que me entendem, porque a ansiedade, muitas vezes, faz com que nos sentimos sozinhos, como se fôssemos os únicos a passar por isso, o que não é verdade. É muito importante falar sobre saúde mental, e realmente precisamos de quebrar este tabu, não há problema nenhum em pedir ajuda em mostrar que estamos mal! Quando é necessário, é necessário. Quando partimos uma perna não vamos ao médico? Então porque não iríamos se não estamos bem mentalmente?


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